quarta-feira, 18 de maio de 2011

Resenha Crítica – Grupo de Estudos PET 02/05/2011
Bolsista: Ingrid Oliveira
Desafios à pesquisa no Serviço Social: da formação
acadêmica à prática profissional.

Autora: Aglair Alencar Setubal
Curso de Serviço Social do Instituto Camillo Filho (ICF-Piauí)



Um fato ronda nossa profissão: somente conhecendo a realidade é que podemos transformá-la. É deste ponto que partimos para nos questionar: como desvendar esta realidade?
Suponhamos que o mundo seja uma caixa cheia dos mais diversos objetos; ao abri-la, retiraria do seu interior somente aqueles que mais me chamassem atenção. Seria possível ter conhecimento do conteúdo da caixa selecionando apenas alguns objetos? É claro que não. Por isso Kosik considera que ''a atitude investigativa que deixa para trás tudo aquilo que é inessencial, lança dúvida quando a sua própria legitimidade.''
É através da práxis transformadora que podemos ir à essência das coisas, encontra-se neste ponto uma das dificuldades do Serviço Social. Segundo Vázquez, transformar a prática profissional em práxis social é uma atividade política, somente assim podemos fugir de ações pontuais que agem apenas sobre a superficialidade. Aqui a pesquisa mostra sua importância. É com ela que podemos sair do plano da pseudoconcreticidade, que se baseia no senso comum, fomentando uma práxis utilitária. A dialética do nosso pensar e agir é que nos dá capacidade de compreender a dinâmica da realidade.
Partindo desses aspectos, a autora coloca em evidência o papel da pesquisa dentro do serviço social, os desafios que temos da formação acadêmica à prática profissional, fazendo uma análise brasileira, onde verifica uma ampla produção na área. No entanto, constata-se que a maior parte das publicações está relacionada ao âmbito acadêmico. Nessa conjuntura podemos questionar: em que lugar está a produção de conhecimento dos assistentes sociais? Setubal explica a necessidade de levar a pesquisa para além das burocracias que as instituições acadêmicas exigem, para entender a pesquisa como parte do fazer profissional do Serviço Social.
Desenvolver o ato investigativo é se capacitar para entender o movimento da sociedade, compreender que existem desigualdades e que por isso devemos ter uma compreensão crítica da realidade. Caso contrário, engessa-se nosso conhecimento e começa-se a trabalhar uma práxis mimética, que como diz Lefevbre, não questiona o porquê e o para quê da ação.
Fazer com que essa atividade não seja exclusividade do cotidiano de estudantes e professores é tarefa que exige um grande trabalho na base da profissão, a graduação, que se dá por meio das Diretrizes Curriculares. E por isso a extrema necessidade da articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão que ainda é tão precária nas universidades. Como a autora afirma, ''o assistente social é responsável, na condição de sujeito, pelo desempenho dos papéis de ator e autor da história; tem responsabilidades pelo ser e pelo vir a ser do Serviço Social''.
Com essa compreensão é que saímos do plano abstrato para dar corporeidade à pratica profissional, ou seja, é nessa relação dialética de pesquisa-ação e profissional-pesquisa que nos capacitamos para desvendar as aparências, para se entender de fato a totalidade. É este processo de questionamento e investigação da realidade que faz da pesquisa um instrumento de auto-análise permanente, de construção de novas formas de intervenção, de provocação de outros modos de pensar o que até então era dado como axioma, como verdade evidente por si. Eis a tarefa.
Fontes bibliográficas:

KOSIK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
LEFEBVRE, H. Sociologia de Marx. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1979.
VÀZQUEZ, A S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968
SETUBAL, A A . Desafios à pesquisa no Serviço Social: da formação acadêmica à prática profissional. Revista Katálysis, vol. 10, 2007, pp. 64-72. Universidade Federal de Santa Catarina, Brasi.

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